Bike Fit: casamento do ciclista e a bicicleta

Bike Fit: casamento do ciclista e a bicicleta

Encontrar a bicicleta perfeita é uma arte, mas saiba que pequenos ajustes podem dar uma super ajuda para fazer esse “match”

Casamento sempre foi um tema polêmico e Bike Fit também. No ciclismo, a bicicleta e o ciclista devem formar um par, funcionar em harmonia, pois uma parte depende da outra, enfim, como uma relação deve ser, um casamento perfeito!

Para os especialistas da semexe, onde apaixonados por bike compram e vendem, a bicicleta é um instrumento poderoso de transformação.“Nossa missão é educar o ciclista para emponderá-lo com conhecimento e autonomia para tomar as melhores decisões e aproveitar verdadeiramente os benefícios da máquina que é a bicicleta e dos prazeres promovidos pelo esporte” – diz Gabriel Novais, sócio-proprietário da semexe, o marketplace das bikes.

E neste relação entre o homem e a máquina, o Bike Fit é a chave fundamental para o ajuste fino, sobretudo, para quem vai comprar uma bike semi-nova em que provavelmente precisará de ajustes personalizados para assegurar a melhor experiência sobre duas rodas.

“Bike Fit é o ajuste da bicicleta ao ciclista, ou melhor, o casamento entre a Bike e o Biker. Durante muitos anos pedalávamos com bicicletas que não eram exatamente as mais apropriadas para nós, ou pelo seu tamanho ou pelo comprimento das peças que equipavam a bike ou até porque alguém regulou a bike da maneira que ele achava que ficava boa, mas sem nenhum critério. O Bike Fit é o ajuste dessa bike para você, o que fazíamos no passado era um Body Fit, que era ajustar-nos a posição da bike”, diz Erick Azzi, consultor em Bike Fit da Azzi Cycling.

O que é Bike Fit?

Para começar, não existe uma fórmula perfeita que serve para todos. O ajuste da bicicleta ao ciclista deve ser determinado pelo prazer, gosto e percepção de pedalar de cada ciclista. O bike fit o posicionamento correto para evitar dores e lesões e isso é totalmente pessoal e intransferível, em que o ajuste correto de uma bicicleta depende do tipo de ciclista, seu objetivo e outra soma de detalhes.

“Temos que orientar e educar as pessoas para que mais gente pedale feliz”, acrescenta o professor Erick Azzi.

Vale destacar, que o bike fit é para todos, desde o usuário da bicicleta como meio de transporte ao atleta olímpico. “O Bike Fit não só para um atleta. Qualquer pessoa que for usar a bicicleta seja como meio de transporte, exercício físico de final de semana, exercício físico de alta performance ou até para simples passeios aos finais de semana deve procurar fazer esse ajuste da bicicleta ao seu corpo. Pedalar é muito gostoso e não existe razão para que seja diferente disso. Procure sempre comprar sua bicicleta e acessórios em lojas especializadas, lá você encontrará pessoas que entendem do esporte que poderão orientá-lo melhor na sua compra. Existem diferentes tamanhos de bicicleta, de selim, de guidão, geometria clássica, geometria feminina, diferentes bikes para seus diferentes usos. O ciclismo continua sendo uma brincadeira gostosa, mas também é um esporte de alta performance, seja qual for o seu nível no ciclismo você encontrará produtos que lhe ajudarão a pedalar mais e mais”, corrobora Erick Azzi.

Em busca da pedalada perfeita

Pesquisas científicas, métodos, protocolos, erros e acertos são referências para servir bem o homem em cima da bicicleta.

“Bike Fit é a busca de harmonia entre o corpo humano que é apenas adaptável e a máquina bicicleta que é apenas ajustável”, diz o Prof°. Esportivo Rogério Camargo, do Centro de Treinamento Bike Fit Brasil, de Campinas (SP). “Além de evitar o desperdício de energia, o Bike Fit evitará uma série de lesões, ganhará em conforto e eficiência, o que resultará diretamente em ganho de performance!”, acrescenta.

Para o especialista Thiago Ayala, do Studio Bike Fit, em Goiânia (GO): “Bike Fit é um procedimento para ajuste da bicicleta ao ciclista, envolvendo antropometria, análise biomecânica e postural do ciclista, de modo a proporcionar maximização do desempenho no ciclismo, conforto e prevenção de lesões musculoesqueléticas. Tal procedimento também pode determinar previamente as dimensões dos componentes da bicicleta: quadro (tamanho ou “número” e comprimento efetivo do top tube), mesa, guidão, pedivela, espiga do garfo ou suspensão], para o posterior ajuste após a montagem pelo mecânico (ou lojista)”.

“O ciclismo é um esporte de repetição e utilizamos um “aparelho” para realizar esse esporte. Se esse “aparelho” não estiver devidamente ajustado a você a curto, médio ou longo prazo, podemos causar lesões que podem até nos afastar do esporte”, complementa Erick Azzi.

As etapas

Existem muitos métodos e ferramentas para realizar um Bike Fit, mas basicamente podemos definir o ajuste nas seguintes etapas:

Entrevista – A conversa com o ciclista ajuda a identificar qual é a experiência do biker, seus objetivos e seu histórico de lesões ou incômodo;

Avaliação física – Com os dados coletados prévios, o profissional avalia a flexibilidade, elasticidade, estrutura corporal e eventuais limites do corpo de cada indivíduo.

Ajuste da bicicleta – O primeiro item avaliado é o tamanho do quadro, seguido pelo ajuste da altura do selim, deslocamento (para frente ou recúo) do mesmo, posição do taquinho na sapatilha (caso o ciclista utilize pedal clipe), comprimento da mesa e largura do guidão.

Pontos de contato

Os pontos de contato do corpo humano e bicicleta são as referências para o ciclista encontrar a postura perfeita de pedalada. Para facilitar o entendimento, separamos em três grupos: pés, mãos e glúteos (bunda), que são influenciados diretamente por regulagens em tais pontos da bicicleta, além do tamanho do quadro, ponto de partida para quaisquer ajustes.

Corpo – O tamanho do quadro (chassi) é o ponto mais importante na compra da bicicleta. Entenda como um sapato, que não deve ficar nem maior ou menor, simplesmente, na medida correta do seu pé. O quadro irregular pode causar desconforto, lesões graves na região lombar, além da perda de rendimento. Para determinar o tamanho ideal do quadro, uma das fórmulas mais usadas é a do ciclista Greg Lemond, que correlaciona o tamanho do quadro com a medida do cavalo (distância do vão das pernas até o chão). O tamanho do quadro ainda influencia pela largura dos ombros, comprimento dos braços, tronco, estatura total e fêmur, visto que algumas pessoas apresentam tronco relativamente mais comprido do que os membros inferiores. A “fórmula de Lemond” multiplica a altura do cavalo por 0.67 (Cavalo X 0.67) para determinar o tamanho do quadro, lembrando que estradeiras usam medidas em centímetros e mountain bikes em polegadas.

Pés – Regular corretamente o taquinho na sapatilha é o primeiro passo para pedalar sem lesões no joelho, principalmente. “O eixo do pedal deve ficar alinhado entre a base metatarsal. Essa regulagem é muito importante para que toda a força executada pelo ciclista seja transmitida de maneira direta e eficiente sobre o pedal sem dissipação de energia”, explica Rogerio Camargo. Por último, de acordo com o tamanho do femur, altura do ciclista e modalidade escolhida é definido o comprimento do pedivela que pode variar entre: MTB: 162,5mm; 170mm; 172,5mm; 175mm e 180mm e Estrada: 160mm; 167,5mm; 170mm; 172,5mm, 175mm e 180mm. Uma dica importante é que quanto maior o pedivela, maior será a capacidade de aceleração da bicicleta, consequentemente maior será a força aplicada.

Glúteos – O ajuste de altura do selim é muito importante para evitar lesões na lombar, pescoço ou joelhos do ciclista. O tamanho dos membros superiores e inferiores vai determinar a altura correta do selim.”Com o ciclista sobre a bike, uma das pernas deve ficar com o pedivela perpendicular ao solo. Já o recuo do selim é ajustado de tal forma que o tendão patelar fique alinhado com o metatarso e, consequentemente, na mesma linha do eixo do pedal. Se necessário, o selim é deslocado para frente ou para trás. O tamanho do selim significa sua largura, pois o muito estreito pode visar apenas peso e design, sem considerar o conforto. O selim deve ter uma largura mínima para acomodar adequadamente as tuberosidades isquiáticas. Caso não esteja adequado, o selim pode provocar dores e dormência no períneo. A Specialized dispõe do sistema Body Geometry para selim com ferramentas que medem a largura dos ossos do períneo, oferecendo produtos (selins) com tamanhos distintos.

Mãos – Com base na altura do selim, determina-se a altura do guidão. A largura do guidão é definida após a retirada das medidas da largura dos ombros e comprimento dos braços, Com isso, o último estágio é posicionar o ciclista sobre o guidão da bike. Para isso, o ciclista deve acomodar-se perfeitamente sobre o selim com altura e recuo definidos. Depois com base dos resultados dos testes de flexibilidade, o ciclista encontrará a altura e o comprimento da mesa ou avanço do guidão. Cabe lembrar que quanto “maior a flexibilidade individual do ciclista, melhor será sua mobilidade articular ao pedalar além de reduzir o risco de qualquer lesão,e mais agressiva poderá ser sua posição de pegada no guidão”, finaliza Rogério.